Sujeito Estórias.

Na falta do que fazer invento estórias. Me distraio comigo mesmo imaginando-me em outros corpos, em outras vidas, em outras situações. Sequencio as cenas corretamente uma a uma e descrevo as pessoas, os objetos e os lugares nos seus mínimos e íntimos detalhes. Até consigo sentir

o cheiro das ruas
o doce do açúcar
o sabor dos beijos.

Na falta do que fazer imagino estórias. Me divirto comigo mesmo criando outros caminhos e possibilidades completamente diferentes dos que seguí. Caminhos onde não só o tempo, como também dinheiro, saúde e vento sopram à meu favor

onde tudo dá certo
onde sou esperto
onde sou o correto.

Na falta do que fazer escrevo estórias. Perco tempo ganhando de mim mesmo, discutindo sobre ondes e comos e porques. Umas sentado na cama, no sofá, no portão de casa. Outras no hospital, na casa dos outros, na praça, noutras camas. Tanto faz ser dia ou noite. No meu inquieto silêncio ou no inspirador e barulhento caos alheio, escrevo

sem rumo ou glórias
apenas por prazer,
algumas aqui podes ler.
Apenas,
sujeito estótias.

depois teclamos.
Imagem: clarissajoliv.blogspot.