A Dona Sorte nunca bateu na porta lá de casa. Bom, se bateu, preguiçoso como sou, provavelmente estava dormindo e não atendi. Sempre fui um azarado: não ganho apostas, perco jogos, minhas quase poucas ex-namoradas sempre me deixavam, não fiquei rico, perdi o pouco que tinha sem nunca tê-lo ganho e no
par ou ímpar já ia direto pro gol. Meu sobrenome é azar!
Pra completar minha desgraça, há alguns anos perdi minha Mãe (às vezes parece uma eternidade tamanha a falta que'la me faz). Naquele momento percebi que'u era um
azarado de vez, incorrigível e incurável!
Entretando hoje, vendo por um outro ponto de vista, começo a entender tudo de uma forma um tanto quanto diferente. Hoje já me considero o maior de todos os sortudos, pois das milhares de milhões de pessoas existentes no planeta terra, tive a honra e o privilégio de desfrutar alguns anos mágicos ao lado da minha Mãe. Tive o privilégio de conviver com sua simpátia, com sua fúria, com sua inteligência, com sua impaciência, com seu charme, com sua alegria, com sua paciência, com sua força (sua enorme força), suas receitas... Vendo por esse ângulo, sorte maior na vida não há! O simples fato de tê-la como mãe não poderia ser sorte maior no mundo! Sou um sortudo!
Como seu filho Mãe - mesmo que tenha demorado um pouco pra perceber isso - sou um privilegiado!
depois teclamos.
Imagem: flickr.com
Texto começado em 10/03 e terminado em 07/05/11.