Invejo.

Por inúmeras vezes invejo quem morre de bala perdida. Numa fração de segundos morrer sem dor, sem tédio, falta de remédios.
Deixar de ser, tão fácil e rápido, igualzinho quando sopram vela. Sem nome, sobrenome ou enrolações, fácil.
Deitado ao chão sem dar a mínima. Metem a mão no seu bolso e carregam o puto da passagem. Metem as mão em seus pés e te levam os sapatos. Dos pulsos, pulseiras e relógios. Do outro bolso o celular. No necrotério seus dentes de ouro, que nem terminou de pagar. Nada mais é importante. Já não ando. Já não falo. Já não compro. Já não sorrio. Já não tenho pressa.
Realmente invejo quem se encontra distante, perdido dos problemas indissolúveis da vida e vira mais um na estatística.
Invejo quem morre de bala perdida.
Hi, I'm here!

Inté.
Foto: pliniofuentes.blogspot.