Desabafo de Mãe.

Dona Mãe (nome fictício, pois não quer revelar a verdadeira identidade), dona de casa zelosa e mãe de três filhos, muito fula da vida deu-nos este depoimento, na verdade um desabafo que acreditamos ser de algumas outras Donas Mães também. É algo mais ou menos assim:
"sou uma mulher casada há vinte e cinco anos com a mesma criatura - pode escrever criatura! - e dele tenho três criaturinhas - é isso mesmo! Só não vou chamá-los de filhos-da-puta porque são meus filhos, entende?
Há vinte e cinco anos que venho lavando, passando, me arrebentando, me esfolando, me sacrificando, educando, me negando, me preocupando, me escravizando, chorando, lamentando, me endividando e cozinhando pra essa gente! Agora entendo porque a Branca de Neve largou os sete Anões e foi embora com o Príncipe. Já pensou, tudo isso multiplicado por sete? Pôrra! - Desculpa, é que eu tô meio nervosa!
Olha, eu tô reclamando mais não queria muita coisa, não! Só queria ser lembrada! Vê se não é justo: o ano tem trezentos e sessenta e cinco dias - inda tem ano com dia à mais, é ano contra as mães, mais um dia pra você... é é... trabalhar!
Desses dias todos, nós só temos direito a três: aniversário, Natal e Dia das Mães. Olha que covardia, eles ficam com trezentos e sessenta e dois, e eu com três! É pedir muito querer três dias? Tirando meu aniversário, os outros dois dias tão em em tudo quanto é lugar! É jornal, é revista, é televisão, no rádio, até nas ruas têm aquelas placas enormes! Não é possível! Sem contar que olham pra mim todo santo dia! Né possível!
Até no Dia das Mães - e olha que sou mãe, hein! - ter que cozinhar pra um ônibus?! Sabe o que é descascar batata e cenoura pra fazer maionese prum ônibus? Meus dedos é que sabem! Ah me perdoe, mas puta-que-pariu!
Às vezes fico pensando, Deus deve ser mulher, e dona de casa! Só pode! Como tem filho ingrato nesse mundo, puta-que-os-pariu! - desculpa!"


Inté.

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