Da banda que Acabou: Treze de Maio.

Essa é mais uma canção daquela não-famosa-quase-banda-que-quase-aconteceu, isso há muitos anos atrás. Enfim, mais uma letra, essa lá dos idos dos anos noventa. Tem uma ligeira rebeldia-inocência, típicos de quem é jovem e curte roquenrol!

Treze de Maio.

eu, num "ônibus-negreiro",
super, super lotado
espremido em pé, não dá pra ir sentado

pisam no meu tênis
sujam minha calça, amarrotam minha blusa
e uma donzela diz que eu estou
sarrando a sua bunda

me sinto sufocado, preciso respirar
quero abrir a janela
mas tá emperrada, não dá

garganta ressecada, preciso beber água
mas faltam só duas horas de viajem,
se a estrada não estiver engarrafada

Treze de maio, treze de maio
treze de maio ( é onde eu trabalho)

Saio correndo
bato o cartão atrasado
e logo na entrada
sou verbalmente chicoteado

quero ir ao banheiro, preciso mijar
ganho nova chicotada
o show não pode parar

a comida é uma merda,
e me é descontada
mal consogo engolir, parece estragada

aqui dentro é tão quante
parece um purgatório
ar-condicionado é um luxo,
e só no escritório

e vem chegando o fim do mês
é hora do salário,
que é mínimo e ainda vem descontado
(e pra me sacanear, tá sempre atrasado)

Treze de maio, treze de maio
treze de maio (e nem é feriado!)

No banco de horas da empresa
aprovado pelo sindicato
tenho cartão de crédito, cheque especial,
sou chamado "cliente preferêncial"

e depois da luta
finalmente estou na favela
em frente à tevê
de volta pra senzala
de volta pra senzala.

depois teclamos.


Imagem de: www.flickr.com/photos/graduale.