Certas coisas se alastram de forma tão avassaladora e opaca que me assombram. Assim como a gripe suína pode ser letal, certos vírus virtuais aniquilam minha esperança na sensibilidade humana. A anti-heroína Susan Boyle em uma semana virou a moda da hora na internet. Em poucos dias fui tangido por comentários sobre sua apresentação no concurso de cantores inglês (tipo o Ídolos, Astros e etc daqui). Foram 3 colunas da Folha de São Paulo, 2 reportagens do mesmo periódico, mais uma matéria do Segundo Caderno do O Globo e até um e-mail do tipo "corrente" enviado pela minha mãe. Todos eles falam da lição de vida da gordinha desajeitada, do exemplo para todos nós e que a emoção ao vê-la cantando é inevitável. Eu, curioso, vi o vídeo e desta forma ajudei a colocá-la no primeiro lugar do youtube. De certa forma me arrependi. Minha real impressão é que as pessoas se tocam profundamente com tão pouco. Lógico que a irlandesa canta muito bem e que de tão campestre chega a ter um carisma interessante. Mas a grande chave de todo o moviemento Susan Boyle é o preconceito de se duvidar de uma mulher gorda, feia e pouco feminilizada. Mesmo assim não creio que tal talento seja suficiente para ser essa comoção mundial e cristalização de fãs tão imediata. Acho que ou o preconceito das pessoas foi tão alto que se tornou diretamente proporcional ao apego por Susan ou as pessoas estão pobres de sentimento.
Ela provavelmente já fechou alguns bons contratos, terá só com esta apresentação uma esteira de sucesso por alguns meses ou quem sabe anos. Mas tudo pode acabar e não passar de uma febre. Por acaso alguém se lembra de Vanessa Jackson?
Um abraço, até a próxima e comentem este humilde blog!
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