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Não ter Mãe, o Verbo.


Já tem um ano, mas ainda hoje não aprendi a conjugar o verbo não ter mãe. Digito assim porque verbo sempre foi uma coisa chata e difícil pra mim, porém essencial.

Kkk!, foram inúmeras as tardes em que minha mãe me pôs de castigo, não só por causa deles, mas de outras matérias também. Obrigado, mãe!

Não sei como é pra vocês, mas pra mim que sempre tive mãe desde antes de nascer, é insensível é bruto e é burro!

pé-de-manga secou.

quintal parece distante.

plantas tristes.

paredes se acinzentaram.

casa parece ter feito votos de silêncio.

por mais que compramos, sempre falta algo.

Não ter mais aquela sensação de "esconderijo secreto cercado por vilões, mostros, inimigos biônicos, dinossauros gigantes", e ela chegar eu estar à salvo;

não ter mais uma perna pra agarrar quando o vento bater na porta ou janelas;

não ter mais de quem ganhar, mesmo sem merecer ou trabalhar, uns trocados;

não ter mais bolo no aniversário;

não ter mais "poções mágicas" praquelas milhares de vezes em que estive "à beira da morte";

não ter mais quem podar meu egoísmo, preguiça e presunção;

não ter mais cachorro-quente no carnaval;

não ter mais, pela bilionésima vez, quem mostrar quando estou redonda e quadradamente enganado;

não ter mais quem me acordar de madrugada quando em frente à tevê;

não ter mais onde mamar quando chorar;

não ter mais luz na escuridão;

não ter mais notícia matinal de Rádio AM;

não ter mais quem me cobrir à noite;

não ter mais quem tirar seus óculos quando dormir com ele;

não ter mais quem te acordar quando dormir até tarde;

não ter mais quem te ensinar como chegar a outros lugares;

não ter mais quem te proteger quando o mundo quiser te bater;

não ter mais quem torcer por você.

É complicado se adaptar! É estranho acostumar! É pesado caminhar! Não é fácil esquecer de não lembrar! Nossa, só agora vejo como te dei trabalho! Merecias um pouco de descanso mesmo!

Mãe, sei que é muito pouco, mas onde estiver,

Muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
toooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo
obrigaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaado!!!!!!!!!


depois teclamos.
Imagem de: www.flickr.com/photos/apieceofme.

5 comentários:

Camila Akemi disse...

Texto muito bom, nos faz refletir, e dar mais valor as mães, texto simples mas bonito, parabéns!

Regina Rozenbaum disse...

Rike, mininu, amado!
Nem imagina como essa "Declaração de Amor" me tocou... Sei, sei não, SINTO muito bem, dentro do meu coração e da minha alma, a falta da "mamãe" e como já escreveram por aí... "elas não morrem nunca, ficam encantadas"! Drummond escreveu esse poema que tenho "grudado" dentro de mim, há um ano:

"Para sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.


Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho."
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

Fiesta disse...

Cara...vc me fez chorar...
Parabéns! BJ

Regina Rozenbaum disse...

Rike, mininu, amado!
Amanhã tem um mimo procê, lá no Divâ...
Beijuuss n.c.

www.toforatodentro.blogspot.com

Shirley disse...

Cara, cadê o botão RT do blog? Preciso enviar esse texto pruma ruma de gente que vive reclamando de suas mães. deixa eles começarem a conjugar o verbo "não ter mãe" pra eles verem o que é bom pra tosse, né? parabéns, Rike, realmente o teu texto me fez sentir a angústia só de pensar em perder minha mãezinha... :-( Bjo, qierido!